quinta-feira, 23 de julho de 2009

A primeira casa. Parte 1: Hillary & Nancy, Maggie ou Cindy


Morei em três casas no ano de 2007. Na primeira, com Hillary e sua gata, Nancy, Maggie ou Cindy, não lembro. Cresci nojo à fidelidade canina. Acolhia a gata, que vinha ao meu quarto quando a dona não estava, como se fosse minha a necessidade de acariciar seus pêlos sebentos, coçar-lhe a cabeça até soltar um tipo de caspa. Às vezes era eu quem antecipava nossos encontros. Gostava de arrancá-la quente e zonza debaixo da coberta da cama da dona, de interrompê-la no bom do sono matinal de inverno, quando ficávamos a sós. Fazia fotos de nós duas abraçadas, fungava sua nuca tentando adivinhar se a dona sentiria nela o meu cheiro. Depois comecei a introduzir terceiros, como o demônio russo por quem Nancy, Maggie ou Cindy se deixava provocar. O demônio marcava cadência voando e pousando patas e cauda de ferro nas taboas do chão, mas a dança era ela. Um dia botei pra dentro um gato da rua e olhei. Não houve dança, só um mijo de pavor por debaixo da gata. Enxotei o gato, guardei o demônio, deixei a gata.

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